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Variantes na língua brasileira: legado histórico e produção do cotidiano. Ou: do “preconceito linguístico” e o “coitadismo linguístico”

É praticamente impossível não perceber as contínuas mudanças que uma língua de determinada localidade apresenta com o passar das décadas e gerações; como também o modo como o cotidiano, com todas as suas interferências e interações, constantemente incidem sobre a construção da mesma, muitas vezes transportando as discussões para além dos limites da gramática e/ou linguística, para aspectos políticos, antropológicos e sociológicos. Atualmente, as maiores tensões surgidas em torno do debate sobre a construção da língua, suas variantes e sua transmissão, residem exatamente nos aspectos em que ela - a língua - demonstra ser também elemento de distinção de classes, legitimação de uma classe dominante, e marginalização de grande parte dos falantes da mesma língua nativa. São considerações interessantes, e até certo ponto pertinentes, pois revelam que a língua carrega, particularmente a nossa, traços enormes de herança histórica escravagista, imperialista, oligárquica, no velho mol

"Forever young" or "Who whants to live forever"

Nada, definitivamente nada, é mais deprimente do que as marcas deixadas no corpo pela passagem do tempo. Por mim, que se partissem todos os espelhos do mundo, e viveríamos com a ilusão de sermos eternamente jovens. Espelhos! Os problemas são os espelhos! Caso não existissem, quem nos contaria a verdade sobre o quanto morremos a cada dia? E quem precisa da verdade que vem dos espelhos? E quem precisa da verdade, essa dama infeliz? Oh, céus, dai-nos uma porção de mentira, daquelas que nos entusiasmam...!

Falando francamente *

Brincadeira !! Depois de tantas vezes feito, Se tornaste em um especialista nisto: - Partidas sem despedidas !!! Porque tinha que ser assim? Porque não se importa com minhas perguntas? Essa indiferença em relação às minhas dores ! Essa rejeição ao quanto me representa, me define... E agora, não saberei o que aconteceu, As "sem-razões" da distância, das idas sem vindas. Tanto sentir misturado em minha cabeça, E a cruel certeza de construir meu futuro com sua ausência. O choro entalado na garganta, As ofensas que precisava dizer-lhe, O amor que ainda sonhava em compartilhar; O orgulho que intencionava lhe proporcionar, E a sensação de que nada foi em vão !! As carícias em minha cabeça enquanto repouso em seu colo, O beijo na testa, e os ensinamentos que eram meus ,por direito. Ausência é o que me sobra, é o que me torna: - Mais uma vez...e para sempre. E, meu desabafo, é meu modo de dizer-lhe o quanto gostaria que fosse diferente: - Pois, d

Desmundo

Sorte, acaso, sucesso, embaraço, Uma corrente de fatos que não garantem sustento; Percebo que não encontrei das coisas o fundamento. Circunstâncias jamais explicarão o ser assim, Que mesmo desencontrado,não me encontro abandonado de mim. Os demônios ansiosos do dia-a-dia, E nem mesmo os fantasmas agourentos das noites Arrancam do tesouro secreto na alma, Essa estranha sensação de paz e calma Que da vida suporta os piores açoites. Vejo coisas inauditas Ouço sobre uma vida jamais vista, Todos os meus sentidos estão atolados no medo, Mas os olhos e ouvidos de que falo São de um coração que testemunham no “Desmundo” Seus mais preciosos segredos. Mensuro tudo com medidas incompreensíveis, Compreendo as coisas com amor imensurável, De sorte que não há perda que não me acrescente, E confrontos que não me encontrem valente, Ou,até mesmo impressões alheias que atentem contra o que me revela o “espelho de dentro”: - Que na vida nada há que não se red

Carpe Diem

Vem, amanhã pode ser tarde, Talvez não tenhas chance, E o tempo lhe alcance Sem que seja oportuno Olhar nos olhos de quem lhe arde o peito E enrubesce as maçãs de seu rosto, E que cala o discurso mais ensaiado. Vem, pois este “hoje” é o dia De que ainda tens a garantia de colher Os frutos do amor que alimenta seu ânimo; E que à noite vela teu sono Semenado nos teus sonhos O desejo secreto de muitos “amanhãs”. Vem, quando se ama o tempo pára, O instante é o “sempre agora” E o amanhã uma distante maldade.   Este é o convite que lhe faço: - Hoje, revele teu coração, Pois se amanhã já não formos Seremos na eternidade.

Se soubesse escrever...

Se soubesse escrever... Falaria da vida que passa sem ser notada, Do nascer e pôr do sol que já não encanta, Do respirar tão necessário quanto esquecido, E da estranha solidão em um mundo tão povoado. Se soubesse escrever... Exporia as dores engolidas e que engolem tanta gente, Comunicaria a esperança aos que jazem à “margem”, Provocaria o “vômito” das culpas entaladas na garganta de quem delas evade de modo tão leviano. Se soubesse escrever... Ah! Choraria em verso e reverso a dor da fome: - Fome de pão, fome de água, fome de justiça, fome de amor. Clamaria pela reconciliação das famílias, que tanto se perdem em “pazes forjadas”. Choraria pelo desencanto de tudo: se soubesse escrever ! Se soubesse escrever... Evocaria a atenção para o poder das coisas simples: - O poder da verdade, da tolerância, do perdão, do amor. E cantaria, sim, até mesmo enquanto durmo, a beleza esquecida na infância da vida: por mais cruel que esta tenha sido. Mas não sei e

"Ao meu violão": gratidão ao amigo do peito.

Oh, meu amigo; mais uma vez somos só nós dois Sempre a falar você sempre a me ouvir. Mas, que importa se somos sempre só nós dois? Se somente contigo me sinto bem pra falar e até calar... Oh, meu amigo; somente tu conheces o que não digo à ninguém; Antes mesmo que fale me conheces pelo toque. Ninguém me compreende como tu, meu amigo... Às vezes tão alegre com um flamenco, ou romântico com um fado, E nos dias de muita expressão ouves até meu rock’n roll. Mas nos dias  que pesam as nuvens mais cinzas Escutas também minhas lamentações,  meus choros, As bossas, meus sambas-canções: me confortas nos momentos mais tristes. Oh, grande amigo; perdoa não ter lhe dedicado antes essa canção Estás sempre aqui a ouvir meu coração tão de perto, E a honrar essa amizade que de minha parte tem sido tão ingrata. Te prometo que à partir de hoje te honrarei muito mais do que antes Pois assim se constrói uma amizade tão forte...! Prometo te dedi

Meu choro, uma transpiração por inteiro !

Desaprendi a chorar, pelo menos com os olhos ! Perdi, e não encontrei mais, a nobre arte de encharcar um lenço. Não que tenha me dessensibilizado, tornado-me indiferente ao que me cerca, Ou que tenha empedernido-me, destituido-me da capacidade de afetar-me. Talvez seja parte do processo de aprender a manifestar-me de outros modos, o u , talvez, desenvolvido um jeito de “chorar pra dentro”: - Sim, talvez seja isso !!! Então, na próxima vez que vir arpejando meu violão,e com os olhos fechados parecer tocar outra dimensão; Saiba, estou chorando !! Ou quando ,ao lhe encontar, lhe abraçar bem apertado, e beijar seu rosto como se não nos víssemos há décadas; Saiba, estou chorando !!! Quando, atendido por um pedinte, reparto do pouco que tenho, e  meu rosto expor a minha satisfação de ter a oportunidade de compartilhar; Esteja certo, estou chorando !! Se me vires gritando como um louco, em uma daquelas rodas de conversa com amigos, em que parecemos versados

Sobre a terceirização das responsabilidades; ou, "assuma suas pôrras".

Umas das coisas que mais me chamaram a atenção - desde a infância - e que jamais entendi, é o que costumo chamar de "terceirização da responsabilidade". Essa falsa habilidade que desenvolvemos de, nunca mesmo, assumir a condução das nossas coisas, e por resultado, as consequências disto. * Perdeu o emprego, ou não arranja um : a culpa é do "mercado". * O colega foi promovido, e você não: resultado da política de influência dentro da empresa. * Seu parceiro (a) está em condição financeira e profissional mais bem situada que você​: a culpa é de qualquer coisa (se for o caso da parceira, é por ela" ter uma buceta " e você não), menos de sua falta de aplicação e investimento na formação ; ao contrário dela(e). * Você quase não têm amigos (e nessa me identifico) : a culpa é" deles", que são um bando de traíras, menos sua, que é antipático, egoísta, e antissocial. * Seu casamento vai mal, ou está acabando (ou já acabou, e