Variantes na língua brasileira: legado histórico e produção do cotidiano. Ou: do “preconceito linguístico” e o “coitadismo linguístico”
É praticamente impossível não perceber as contínuas mudanças que uma língua de determinada localidade apresenta com o passar das décadas e gerações; como também o modo como o cotidiano, com todas as suas interferências e interações, constantemente incidem sobre a construção da mesma, muitas vezes transportando as discussões para além dos limites da gramática e/ou linguística, para aspectos políticos, antropológicos e sociológicos. Atualmente, as maiores tensões surgidas em torno do debate sobre a construção da língua, suas variantes e sua transmissão, residem exatamente nos aspectos em que ela - a língua - demonstra ser também elemento de distinção de classes, legitimação de uma classe dominante, e marginalização de grande parte dos falantes da mesma língua nativa. São considerações interessantes, e até certo ponto pertinentes, pois revelam que a língua carrega, particularmente a nossa, traços enormes de herança histórica escravagista, imperialista, oligárquica, no velho mol