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Mostrando postagens de abril, 2019

Um sonho para um Requiem !

Deitei, fechei os olhos e pus na playlist do celular uma canção; meu ritual arde indução ao sono. Escolhi "Da Pacem Domine", um canto templário, no estilo gregoriano, entoado pelos cruzados há mil anos. Adormeci, mas mais pareceu um ritual de passagem. De repente, quase que no mesmo instante que me percebo dormindo, abro os olhos em um outro lugar, jamais visto ou visitado ! Era uma civilização primitiva no meio de uma floresta virgem, uma espécie de cidade-santuário, e o sagrado parecia imanente em tudo ali, tanto na vida, quanto na morte. A quietude que busco no meio de tanta inquietação da vida urbana - e de meu interior - me abraçava na medida em que aquele santuário entrava pela janela de minha visão: era o sagrado me invadindo, me buscando, diferente de toda a experiência religiosa ocidental. Já que mencionei isto, lembro de como tudo ali parecia uma experiência religiosa, sacra...mas, sem as prerrogativas da ascese flageladora e amputadora dos

Canção d'amores .

O amor é ferida aberta, no peito de quem sofre desse mal tão bom; O amor... Enfermidade que traz vida que liberta, mas faz servos Em seu reino de escravos voluntários; O amor... Dor que prosta, que sujeita e acorrenta à seus pés; Que derruba o mais valente, faz caí-lo descontente, O amor... Facho de luz em densas trevas, demônio do meio-dia Assalto à meia-noite, cruel em seus açoites; Algoz cruel do inocente, que de um único dano é reincidente: amar... Mesmo cobrando tão alto preço não há quem não lhe tenha apreço; Pois na vida é dádiva e milagre, que do fim faz recomeço. E qual homem diante desta morte não desejou ser esta sua sina e sorte? Ver sua vida como libação derramada, em devoção e entrega aos pés de sua amada...

Sobre o "bom" e o "mau" gosto - Ou; a boa Música é a que revela o melhor de nós !

* Será mesmo que essa não passa de mais uma “questão subjetiva”, do tipo defendido pelos que afirmam: “o que é bom gosto pra você, pode não ser pra mim”, ou vice-versa? * Será que devo mesmo, a partir disto, elencar alguns Ícones das últimas três gerações _por exemplo_ juntamente a algumas produções “musicais” da contemporaneidade? Penso que não; digo que não ! Clamo que jamais ! Quando me deparo com alguma questão aparentemente problemática, ajo conforme aprendi com a tradição grega , base do Ocidente: perscrutar tal questão até o seu princípio, e a partir disto reconstruí-la. Então, voltemos à Música com um olhar “panorâmico”, e percebamos o caminho que a mesma percorre na História das Civilizações. Não pretendo reescrever a História da Música; e nem mesmo defender um “estilo” em detrimento de outro. Em tempos e épocas diferentes; entre tribos e nações que nunca tomaram conhecimento uma da outra; e em qualquer dimensão humana que tenha passado por esse noss

A Comunidade - Povo - é maior que qualquer noção de "Estado".

- O Estado é uma invenção moderna; um dos "filhos mais novos" do processo civilizatório, de definição imprecisa e caracteres em constantes formação e deformação. Nada próximo à grandeza e o poder do sentimento de pertencer a um "Povo", detentores e responsáveis pela transmissão de uma herança, em qualquer tempo e circunstâncias. E, para isso, pouco importa se por algum tempo - ou por centenas de anos - isso não pôde se expressar em um território geograficamente delimitado.  Tem dúvidas disto? Pergunte aos Hebreus!

O "futuro" é uma temeridade !

Há quem espere demais da vida, das pessoas, das circunstâncias...! É uma espécie de vício, de dependência; uma constante necessidade de estímulos sensoriais, uma busca intermitente por "alucinógenos existenciais" ; de modo que a satisfação e a felicidade estão sempre no "lá", "ali", "amanhã"; ou em qualquer outra temporalidade que não seja o já,o "agora". Gente que sempre conjuga "vida melhor" no futuro. Um dia o futuro será presente,e depois passado, e ainda assim esperarão no futuro. Complicado? Parece, mas não é ! Refiro-me à nossa incapacidade de admitirmos o quanto somos constitutivamente insatisfeitos, cegos, e covardes. Está achando sua vida uma grande merda, e por isso continua alimentando essa expectativa infantil de um"futuro melhor"? Esqueça isso ! Agarre-se à essa sucessão de instantes a que chamamos "presente"e que, sendo uma merda ou não, é o único momento em que você pode afirmar:

Desconfio de convertidos !

A conclusão a que cheguei até agora, é que esse lance de crença parece operar mais efetivamente nos terrenos da afetividade e subjetividade. Sei lá...! Cada dia que passa, me parece mais uma predisposição que uma ação amparada na "lógica". O que testemunhei até hoje foi que, tanto entre ateus "convertidos" a alguma fé, à crentes aderidos ao ateísmo, jamais há uma mudança profunda nas matrizes do pensamento: os que foram da fé e se tornaram ateus soam sempre ressentidos (e não amparados somente por uma fria e "racional" demonstração de evidências) ; e os que eram ateus e se tornaram crentes, estão sempre espreitados pela dúvida existencial que moldou sua percepção da realidade. No fim das contas, não me parece tão razoável quanto ateus dogmáticos descrevem.

Tudo é Música...

O violão está sobre a mesa, descansando após o último café. Me bato na mesa acidentalmente, à fim de pegar fumo para pôr no cachimbo, e o violão vibra harmonizando em E/D. No quintal, uma gota pesada de chuva cai sobre um tubo de PVC que, grave, ressoa em C#… Tudo o que é matéria vibra em distintas frequências. Música é a harmonização - mesmo que aparentemente acidental - de frequências programadas ou aleatórias: no fim, tudo é Música. Quem tem ouvidos, ouça !

"Apenas mais uma de amor" !

David Hume dedicou o Livro XI de sua "Investigação sobre o entendimento humano" à uma análise da "Razão nos animais". Clive Staple Lewis, dedicou semelhante esforço em seu "O Problema do Sofrimento". O primeiro, bretão-escocês e cético, deteve-se à uma investigaçao puramente empírica, distanciada, e voltada para a distinção do funcionamento da razão em humanos e animais. O segundo, bretão-irlandês e cristão, ousou ascender os animais - mais especificamente os domésticos - à Metafisica, abrangendo o "problema do Mal" e da Eternidade para além dos humanos (poderia estender-se mais em sua tese, penso eu !) , estendendo sobre toda a Criação os prejuízos da Queda (conceito religioso, e nem por isso, frágil). O motivo d'eu relacionar isto com o post abaixo? - Se , dois "monstros" da envergadura desses dois britânicos, julgaram possuir o tema alguma relevância e importância; quem sou eu para não fazê-lo ? Não r

Está ruim? Pode piorar !

Estás melancólico? Pode piorar. Um pouco mais triste que o habitual? Pode piorar. Ou, talvez já sejas vítima daquela angústia gotejante, aquela que lhe dá a sensaçao de estar sempre cercado, sob nuvens espessas e cinzas? Pode piorar. Ou, quem sabe, escutas aqueles gritos surdos entalados dentro de ti? Esteja ciente, pode piorar. Talvez, o constante gosto amargo do desamparo cósmico em seu palato existencial? Pode piorar. E, caso já estejas possuído por aquele desejo de auto-aniquilação que se apresenta como uma pronta solução? Isso ainda é vida , latejando, clamando..."Poderia ser pior. Pode. Quando e como podem ser piores? Quando tudo que sobrar for tédio, indiferença, um dar de ombros e um olhar de soslaio , vislumbrando o nada; aquela "a-patia", o nada sentir e com o nada importar-se; aquele looping eterno de desencanto, sem dor, sem tristezas, sem alegrias, sem expectativas e nem memórias, onde já nao há passado ou fututo, e somente uma on

The Tree of Life, Yggdrasill; ou , entre Kether e Malkuth - A Grande Conexão

Cena de um dos melhores filmes que assisti, "The Tree of Life" * (A Árvore da Vida). Nessa cena contida no link abaixo, especificamente, lembro do quanto chorei… das quantas emoções difusas… das tantas questões não respondidas, das muitas respostas nada agradáveis. Ora, pôrra ! Mas não é isto a vida? Esse "sei lá o quê", com o "não sei como" e "nem os porquês"? Talvez a grandiosidade da experiência que tive com esse filme, seja muito mais derivada das referências que já ocupam minha mente (não que não seja, o filme, uma obra soberba). De Jod da Caldéia à Agostinho de Hipona, de Hawkings à Deepak Chopra, dos trágicos gregos ao Eclesiastes hebraico,d e Hesíodo à Ariano Suassuna, de Lao Tsé à Michael Jackson , e de todos aqueles com os quais aprendi, e que gastaram suas vidas na tentativa de integralização da totalidade; de encontrar, mesmo que tateando, o elo que evidenciasse a conexão entre a dor de um minúsculo e miserável

Russel Kirk , em um baianês acessível !

Os três modos de maior propriedade que conheço, e são necessários à maturidade (uma paráfrase minha, a três dos princípios conservadores de Russel Kirk) : 1ª O Princípio da Prescrição (ou o, "veja quem e como já se foderam antes ). "O indivíduo é tolo, mas a espécie é sábia", já dizia Burke, e portanto é necessário olhar para trás,e ver o testemunho dos grandes do passado, e de todas as vezes em que determinadas ações derivaram certas resultantes. Não se engane: "não há nada novo debaixo do sol" , e portanto, escute a voz dos que cometeram cagadas antes, como também a "luz interior" de sua consciência, constituída basicamente de arquétipos morais validados pela sua perenidade. 2ª O Princípio da Prudência : nas palavras de Russel Kirk " (...)qualquer medida deve ser avaliada por suas prováveis conseqüências de longo prazo, e não meramente por alguma vantagem, gozo. ou popularidade temporárias" . Esse é auto-evidente. E

Be support !

Servir as pessoas, oferecer ajuda em um momento de crise existencial, oferecer o ouvido para ouvir sobre coisas que ninguém jamais poderia saber (um espécie de confessor), aconselhar, enxugar lágrimas, devolver sorrisos, reacender aquela chama mínima necessária de auto-estima, gastar noites e dias, ser SEMPRE disponível. Com propriedade, posso afirmar que sei o que é viver exatamente assim, e sem receber NADA em troca. Nunca esperei, espero, ou esperarei. Saber que, em algum momento da vida de alguém você foi a única forma de comunicação, de salvação, de escape...! Que alegria maior há do que esta? Sou santo? Jamais ! A ambição estúpida da santificação, deixei no fim da adolescência . Sou um resignado e indolor monge? Também não. É óbvio que, em terríveis momentos de crise, automaticamente a natureza "contabilize" possíveis "devedores": aqueles de quem esperas que faça o mesmo que fizestes outrora. Mas, em dado momento da vida, a gente passa a

Crepuscular !

Adoro crepúsculos na mesma proporção em que odeio "amanheceres"!  Experimentar aquela percepção real de que, assim como o dia, todas as coisas tendem à acabar: singelo, nostálgico, melancólico, onde toda a euforia e frenesi provocadas pela luz, são engolidas pela mais profunda noite. Crepúsculos são prelúdios do fim: todos os alvoreceres e vibrações "positivas" do dia, se calam diante do espetáculo do fim ; onde não há mais alegria e tristeza, somente o silêncio do breu. E assim, vou testemunhando crepúsculos, como quem pressente o momento de meu entardecer : meu último crepúsculo, o crepúsculo de mim mesmo!

Manifesto de Transgressão !!

Não existe felicidade ao meu lado... Não procure-a em minha companhia; há muito forjamos um pacto de não-convivência. Se estiveres em busca de singelas alegrias, aqueles pequenos milagres do cotidiano; certamente lhe serei útil. Os sorrisos enterrados pelas mágoas; ou a fonte de novas palavras e símbolos, ou até de desejos e intenções diferentes; sou a pessoa adequada . As chamas de prazeres infernais, aquele desejo insaciável - quase vampirístico - pelos corpos e almas alheias, e que se inicie em seu próprio ventre como num dragão inflamado: ponham o meu "Manifesto" em vossas cebeceiras ! Não vos ofereço nada, além do tudo o que já cobiçam em seus corações, mas que aprenderam a emular através da falsa piedade. Liberdade ! Liberdade ! Liberdade ! Liberdade para ser sem culpa, possuir sem temor, sacrificarem-se nos altares do prazer ,conscientes das consequências dos seus atos deliciosamente pecaminosos, e ainda assim, abraçarem com tesão erigido as c

Conexão e mutualidades !

Quem me conhece, sabe que sou bastante intolerante em relação à ignorância. Como sempre digo: "após o advento da Internet, toda burrice e incompetência são indesculpáveis". Não, não confunda informação com inteligência: as pessoas com as quais mais converso - e são extremamente sofisticadas na construção de seus pensamentos e sentenças - não terminaram nem o Ensino Fundamental. Isso tem a ver com DISPOSIÇÃO e BUSCA incessantes. Mas, o motivo desse mini-textão é a minha própria condição deficiente. Sim, pois tenho entendido, day after day, que ter todo o conhecimento do mundo à disposição não garante êxito em muitas tarefas: é aqui entra a tão necessitada SOLIDARIEDADE.  Sou "músico", como todos sabem, e por isso, também, um apaixonado por idiomas. Costumo dizer que "línguas são a mesma coisa que música". As construções, os fonemas, os sons, ah! os sons, mexem comigo. Isso, além, é claro, associado à minha outra paixão: a história das C

Da "canhotice"

Nunca me preocupei com números, "dados",etc; isso é coisa de esquerdistas. Indivíduos sempre me sensibilizaram; sem que para isso, "precisassem" ser diluídos em coletivismos. Na verdade, nem mesmo a própria existência - e minha convivência com os mesmos - de socialistas jamais me incomodou; antes, sempre acreditei na proficuidade derivada dos antagonismos: começo a mudar de idéia ! É chato , na conversa descomprometida ou na exposição de um conceito, ver a mesma repetição exausta de jargões e "leituras" fabricadas. É a morte de qualquer forma de autonomia! É a morte do Pensamento. A "canhotice" está emburrecendo o mundo.

De quando demandaram de mim mais "demonstrações públicas de afeto".

Que tempos !!! Influente é quem têm mais posts curtidos. Sociável é o que dispõe da enorme quantidade de "amigos virtuais; e superficiais... Felicidade só é possivel  se for registrada no "Insta" ou no "Face"... Culto é aquele que gasta seu precioso tempo em debates inúteis na "rede"... Vida afetiva só é plena e romântica, caso os protagonistas alardêem sua convivência nesse enorme outdoor...! Ah, e há os que "vivem" suas cisões afetivas na Rede; numa necessidade infantil se de propagandear - "agora que não estou mais contigo" - ter descoberto a verdadeira liberdade... E depois, taxa gente como eu de "grossa"!! Desculpe-me pela indiferença com que vivo nesse Novo Mundo; vosso mundo... eterno castelo de areia. Meu romance é privado, e por isso sem a interferência dos milhares de péssimos agentes externos... Minhas alegrias são silenciosas e serenas, assim como minhas dores e queixas. Sai dess