Pairando sobre um jardim de gente,o avesso beija-flor misantropo cumpria sua rotina descontente, até brotar , de súbito, aquela antiga flor ardente !
E
ele se embaraça em seu próprio vôo, como em todas as vezes que ,
de longe a contemplou.
Sorri,
encabulado, e envolve a flor com suas asas cambaleantes e feridas:
nesse instante, para ele, já não há mais gente, nem ruído,
somente a amarela-flor que desperta , como sempre, a sede de sempre.
Queria
mesmo era , com seu bico, sorver tudo nela, na flor da flor,e
desmaiá-la ali mesmo, no meio do jardim de gente...
Mas,
o que lhe sobra, duramente, é a mesma distância cruel de sempre...
Sempre,
no meio das gentes, pairando carente, se afasta o misantropo
beija-flor doente...