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Pré-requisitos para dez minutos de conversa




Após esse período conturbado e de grandes revelações, tomarei algumas medidas concernentes aos meus relacionamentos e conversas:


- Se usar os termos "Comunista", "Socialista", "fulano é de esquerda 👈", terá que justificar o uso dos mesmos, principalmente com referências bibliográficas. Se não leu o básico das correntes socialistas da era pré-Marx, as pequeninas e necessárias produções de Engels e Marx, etc ; pego meu banquinho e vou embora;


- Se disser a expressão "você tem que estudar História", mas acha que o Eric Hobsbawn é a grande referência, saio da roda e capo o gato ;


- Se usar expressões como "marxismo cultural", "hegemonia cultural", "doutrinação ideológica de esquerda", e não ter jamais lido nada do tão mencionado Antonio Gramsci, e nem os trabalhos do pessoal da Escola de Frankfurt, termino o papo ;


- Se utilizar termos como "bolivarianismo", e não ter lido algumas poucas folhas de História da América Latina, ou nem mesmo sonha quem foi Simon Bolivar, fim de papo ;


- Se tem como referências contemporâneas Marco Antônio Villa, Clóvis de Barros, Márcia Tiburi, Vladimir Safatle, Mário Sérgio Cortella, Paulo Ghiraldelli, Leandro Karnal, etc, não dá pra continuar o papo também ;


- Se fala sobre os governos de Cuba e Venezuela, mas não conhece a história das sangrentas "ditaduras de direita" na América Latina e no mundo (geralmente com viés militar), dou zero pra ele (a) e parto... ;


- Se menciona o "Foro de São Paulo" mas nunca leu uma folha sequer dos documentos, e nem mesmo ouviu seus líderes falando aberta e escrotamente (tá no YouTube), economizo nossas vidas e vou embora ;


- Se utiliza os termos "fascista" e "nazista" , mas não conhece a sua definição e nem mesmo a sua precisão histórica e geográfica, e acha bonito adjetivar um substantivo sem saber do que fala, não suporto mais de dois minutos de conversa ;


- Se utiliza termos como "meninxs, todxs, humanxs" eu mando tomar em vossxs rabxs e me retiro: isso é retardo disfarçado de evolução cultural ;


- Se, ao discutir algum assunto político usa expressões como "a Bíblia diz" ou "O Corão diz", e a citação dos referidos livros não estiver relacionada somente aos aspectos históricos e geográficos a que os livros permitem certo acesso, peço pra pessoa em questão gastar sua sanha religiosa com os seus, e pico a mula ;


- Se utiliza termos como "patriarcado, misógino, xenófobo, empoderamento, sororidade, imperialismo norte-americano" etc, eu não tenho resistência física nem psíquica pra suportar (exceção feita à Delliana Ricelli e Silvana Barreto) ;


- Não me importa se você chama o período entre 31/03 e 06/04 de 1964 de "Golpe" ou "Revolução" (cada um acende a vela pro santo de sua devoção), mas se justifica a morte de alguém, ou diz que o erro foi não ter matado mais, rapidamente saio de sua presença para que EU não lhe mate ;


- Se chega pra mim e diz que "toda Arte é Política", não no sentido de uma produção na/para a Pólis, mas como uma forma de constante subversão, acho melhor você conversar com o Wagner Moura e me deixar em paz (ver artigo do mesmo na Folha de São Paulo) ;


- Se utiliza expressões como "tudo é relativo", "isso é culpa do sistema", não deveria ter nem lido esse texto ;


- Se não têm condições de suportar a convivência tranquila com pessoas que lhe contraditam, e deseja a supressão dessas pessoas e de suas crenças, sugiro que vá pro meio do mato... ou se mate mesmo ;


- Meu "radicalismo" é o da liberdade individual. Sei que, stricto senso, é também uma postura escorregadia, mas ainda prefiro possuir liberdade e responsabilidade: liberdade para escolher viver ou não com quem eu bem entender , e responsabilidade por cada uma dessas escolhas e suas resultantes .


- A lista segue, e crescerá muito mais ainda...

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