Enquanto estive na Universidade, em Curso que supunha-se de "livre-diálogo" (Filosofia), estranhei , logo de cara, uma nada amistosa receptividade à percepções alheias, alternativas, secundárias às vigentes por ali. Mas como podia ser assim; em um lugar cujo pressuposto era o da "liberdade"?
Com
o passar do tempo percebi que alguns assuntos e posturas pessoais não
caberiam ali: Deus, Fé, Espiritualidade, Crítica ao ideal
cientificista...! Enfim, haviam temas blindados. Foi a primeira
grande decepção !!
A
segunda grande decepção foi quando percebi uma energia "teen"
nos corredores, de modo que a maioria das mentes mais ávidas e
"sofisticadas" ali eram uma espécie de "Confraternity
of teenagers", o bom e velho lugar comum em que ressentimentos,
revoltas, recalques, desinteresse, insensibilidade, são o "que
há". Era "chique" não crer em nada, opor-se a
qualquer forma de crença, ou então usá-la como justificativa em
todo debate como sinônimo de estupidez, fragilidade, demência,
ausência de "liberdade epistemológica", em suma, como
cárcere da inteligência.
Nunca
fui dado a muito falar - entre estranhos - e depois de muita
observação percebi que esse fenômeno estritamente humano, tão
milenar quanto a "posição de cagar" estava presente ali
também, mas sob a forma de negação. Tive a certeza que havia "fé"
ali: a fé na "não-fé"; a crença na descrença.
Portanto,
assim como muitos semelhantes a mim, eram "crentes" também;
mas de uma outra forma, um modo "cult”, sofisticado,
"elaborado": criam no "acaso", no "Nada",
no "Bóson de Higgs", no "Cogito" cartesiano...,
em qualquer coisa que negasse o tão grosseiro e ultrapassado "Credo
quia absurdum est". "Demodé" era acreditar nessas
tolices...! "Cool" é crer na descessidade de crer, ou
qualquer outra merda contemporânea.
Lembro-me
de duas sentenças interessantes, e de mestres totalmente
antagônicos: F.W.Nietzsche e G.K. Chesterton.
Parafraseando
ambos, fica mais ou menos assim:
-
"O homem preferirá crer em nada, do que em nada
crer" (Nietzsche)
- "Não
há problema em não acreditar em Deus; o problema é que quem deixa
de acreditar em Deus começa a acreditar em qualquer outra bobagem,
seja na história, na ciência ou sem si mesmo...!" (Chesterton)
Antagônicas,e
tão complementares…
Porque
digo tudo isso? Por que meu sentimento ao adentar na “Era Digital
da Informação” era semelhante à ingenuidade de meus primeiros
dias de aula, e achei que encontrara, enfim, um lugar para discutir
mesmo, de verdade, com honestidade. Decepcionei-me !
Testemunho
a mera repetição dos velhos hábitos que vi na época da faculdade,
só que agora eivados de uma falsa compaixão escrôta, portada por
multidões de jovens carregando seus manuais de “mundo melhor”. A
vaidade ganhou contornos piedosos, vestiu-se em uniformes como o da
Cruz Vermelha, e “cool” agora é salvar o mundo , usando barba
bear, coque samurai e exigindo “lugar de fala”. Mantêm-se , no
entanto, os mesmos deprezo e intriga com a tradição e os
antepassados.
O
que vejo todos os dias, em todas as plataformas , são puro pretexto
para "ad advocationem pro se". Sim, eu sei que todo
mundo o faz um tantinho e, de fato, nada há de réprobo nisso. Foda
mesmo é ver isso dirfarçado de causa humanitária !