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The Tree of Life, Yggdrasill; ou , entre Kether e Malkuth - A Grande Conexão



Cena de um dos melhores filmes que assisti, "The Tree of Life" * (A Árvore da Vida). Nessa cena contida no link abaixo, especificamente, lembro do quanto chorei… das quantas emoções difusas… das tantas questões não respondidas, das muitas respostas nada agradáveis. Ora, pôrra ! Mas não é isto a vida? Esse "sei lá o quê", com o "não sei como" e "nem os porquês"?


Talvez a grandiosidade da experiência que tive com esse filme, seja muito mais derivada das referências que já ocupam minha mente (não que não seja, o filme, uma obra soberba).


De Jod da Caldéia à Agostinho de Hipona, de Hawkings à Deepak Chopra, dos trágicos gregos ao Eclesiastes hebraico,d e Hesíodo à Ariano Suassuna, de Lao Tsé à Michael Jackson , e de todos aqueles com os quais aprendi, e que gastaram suas vidas na tentativa de integralização da totalidade; de encontrar, mesmo que tateando, o elo que evidenciasse a conexão entre a dor de um minúsculo e miserável ser humano sozinho nesse vasto multiverso, à cruelmente discreta e ao mesmo tempo exuberante, Presença Providencial. Gente que protesta contra o - aparente - flagrante abandono em que fomos lançados...!




Por trás das cortinas, há um fio de prata, aquele instante eterno no espírito, aquela confusa percepção de que o ululante caos que testemunhamos em tudo o que é observável, não consegue sufocar esse sentimento de conexão com todas as coisas. Há um ordem nessa aleatoriedade. Há traços desenhados por trás das sombras. Há música na alma amarga, tanto quanto há nas pulsações das nebulosas captadas pelo "Hubble". Há rumores de um outro mundo !


Não falo de Metafísica, esse exercício racionalista de ascender à uma suposta disposição das coisas até a sua última Instância. Refiro-me à ridícula faculdade a que chamamos de "sentimento", ou "afecção"; ou de "coisas do coração e/ou da alma" ; essa eternidade no coração que a alguns faz exultar e a outros lamentar o imenso vácuo. Não tem como escapar: há de se encontrar transcendência até mesmo no coração do mais "imanente" materialista histórico.


Quem assistiu , e especificamente esta cena, sabe a que me refiro: diante da corriqueira e cotidiana experiência de mais uma mãe que perde o filho, e que , angustiada e amargurada clama por respostas, o que sucede-se é um show de imagens fantásticas do universo conhecido, uma trilha sonora arrogante; e o Kósmos ali, vomitando toda a sua opulência diante daquela pequenina e desesperada mãe.


"Quem se importa?"; é o que , ao primeiro instante , parece ser o discurso. Mas, não o é. Pois, tanto as potestades cósmicas , quanto o amargor do coração de um humano desesperado (uma mãe, no filme), ocupam a mesma ordem de grandeza ! Estamos dimensionalmente conectados, e essa é a nossa maior angústia; tão aterradora quanto a vastidão dos mundos.


"O Ser tem aparência com a vacuidade, ao passo que é
imponente!
Está na Profundidade.
É a Origem de tudo.
Controla tudo.
Satura tudo.
É Luz Brilhante, mas ainda assim é o Sutilíssimo!
É a essência de tudo!
Tudo é Um. Tudo é o Um." (Lao Tsé-Tung)


https://www.youtube.com/watch?v=a-3Q8c73ziA



* The Tree of Life, 2011, dirigido por Terrence Malick .

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