Todo
homem mente sobre si pra outros. O máximo que podemos alcançar,
é um nível de honestidade em que tentamos nos esconder menos.
Mentimos
por não nos conhecermos, sim, mas mais ainda, por nos conhecermos.
Nossos
"stories" não guardam semelhança com a verdadeira
história do que somos ;e as "timelines" são recortes,
edições, a última tentativa de pôr uma ordem e sentido que, todos
sabemos, jamais houve.
Enquanto
bailamos sobre esse abismo de incertezas, sentimos a necessidade de
justificar a continuidade, e assim inauguramos a mais industriosa das
invenções humanas : a Fábrica de Sentidos.
"Sentido"
em forma de família e posteridade; Sentido em forma de um "mundo
melhor", Sentido em forma de militância e ativismo, Sentido em
sua definição primeira e última, Deus.
Que
maravilhosa engenharia esta, a de retroalimentar com fenômenos -
somente - verossímeis, a nossa fuga constante e desesperada: fuga da
única verdade que todos sentimos, universalmente ; a de que não
há sentido a priori, e a de que os fundamentos da experiência
humana são caos e vácuo.
"O
primeiro instinto humano é a fuga", e obviamente, todos negarão
isso como se lutassem pela própria vida ; fugindo por meio de
teclados, enquanto qualquer sopro de honestidade foge por entre os
dedos.
"O
homem preferirá acreditar em nada, do que em nada acreditar", e
todo Sentido, por mais vazio que se mostre no fim, para muitos será
o modo de percorrer o caminho que antecede-o. Não os culpo,
sinceramente.
Tic-tac,
tic-tac, tic-tac! A cada instante, os sinos se dobram pela última
vez para alguém, e sobre suas certezas cai, esmigalhando-as. E, no
último ressoar do sino, pela primeira vez o homem se dobra diante da
verdade; a verdade de que estamos - e somos - sós.
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