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"Aiinnn, eu leio Nitie, e sou um jênio" - Alguns conselhos !







Ao contrário de um historiador da Filosofia, que categoriza de modo bem delimitado os períodos de produção e suas interações com suas culturas, Nietzsche se propõe a ser um Filósofo da História : alguém que oferece alguns filtros pelos quais todo o nosso processo civilizatório - pelo menos o Ocidente - possa ser compreendido e visto de modo panorâmico. Sim, é uma premissa ousada, desafiadora, e que pode ter custado seus miolos!

Diante disto, costumo dizer que ler o bigodudo sem conhecer o chão ancestral de onde se origina seus principais conceitos, sem conhecer o "período ideal" para o qual ele aponta, é o que acaba sendo grande responsável pela confusão e falta de profundidade no entendimento. Seria semelhante a ler o Apocalipse sem ter lido e compreendido o Antigo Testamento, da bíblia cristã.

Desde a produção de seu primeiro texto conhecido, "História e Fado" (o féla da puta só tinha 17 anos), até o seu derradeiro projeto, é evidente as referências ao mundo antigo, especificamente o período "trágico" dos gregos (daí uma de suas primeiras e fundamentais obras, "O nascimento da Tragédia no Espírito da Música" ; ou "Helenismo e Pessimismo entre os gregos").

TODO o projeto nietzschiano é uma enxurrada de referências, e as suas maiores propostas - e críticas - bebem nesse iluminado pedaço da história grega.

Desde a noção de Estado ; o ideal da transvaloração dos valores que resultaria no "übermensch" ; a crítica da Arte; a oposição ao projeto socrático e seu desdobramento no cristianismo ; e até mesmo seu modo alegórico, passional e aforístico ; TUDO faz referências ao Período Trágico. Até a crítica ferrenha ao judaísmo, e posteriormente ao cristianismo, não são gratuitas ou uma espécie de birra seletiva de um homem superficial. O motivo : judaísmo e cristianismo representavam - segundo ele - uma oposição, um antagonismo à esse período iluminado para o qual Nietzsche almejava que retornássemos. 

Daí a conclusão óbvia que ele tirou : para reedificarmos o Espírito Humano à grandeza do que ele já foi e pode ser, é preciso destruir com golpes de martelo tudo o que se opõe, principalmente os responsáveis pela subversão desses nobres valores, aqueles que tornaram o homem um ser rebaixado, submisso, um rebanho silente, e que os ensinou a desprezar a Grandeza e ver nela um acinte e corrupção ;a saber, Judaísmo e Cristianismo. Eles representam o que ele costumava chamar de "decadence par excellence".

O porquê d'eu ter me alongado tanto, e aludido à tantas referências? Somente pra dizer que não, ler Nietzsche não é fácil, nem acessível, muito menos divertido e, acima de tudo, é um exercício de enorme humildade ; pois obriga o leitor a conhecer profundamente a História da fundação do Ocidente, seus costumes e valores, sua decadência.

É bonitinho, hypster, cult, dizer que leu o Friedrich, e isso criou uma horda de críticos da superfície, que se tornaram "anticristos" sem ao menos entenderem o conceito posto no panfleto que carrega esse nome.

Meu desejo é somente um : que alcancemos propriedade para citar alguém ou referendá-lo.

Não se pode cumprir essa missão dizendo, por exemplo, que o"Zarathustra" é divertido e engraçado... e leve,  como acabei de ouvir da boca de um "jênio" , nas redes sociais.

Nossa Senhora da Prússia!!

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