Depois
que as Artes descambaram totalmente para as esferas mais subjetivas
possíveis, para os lugares em que toda forma de relativização é
bem-vinda, se tornou proibida qualquer expressão de julgamento -
mesmo que apropriado - e quem o faz se encarcera, automaticamente, na
definição de "preconceituoso e reacionário".
Nestes
tempos, ser "cool" é ser "eclético"; o que
corresponde, mais ou menos, a dizer "tenho opinião sólida
acerca desse assunto, mas não estou disposto a pagar o preço por
ela".
Daí,
decorrem as posturas afetadas, blasé, politicamente corretas, e que
abrigam tudo isso debaixo da definição contemporânea de
"ecletismo" (não a definição clássica). Retirou-se o
juízo estético de "bom" e "mau" gosto, e lá se
foram juntos os ideais que alavancaram nosso progresso até aqui.
Já
esse "novo eclecticismo" será um dos maiores responsáveis
pelo declínio desta e das gerações futuras, em marcha célere na
direção do abismo de profunda inaptidão pra tudo.
Para
mim existem somente dois tipos de ecléticos: os ignaros e
superficiais; e os covardes. Os primeiros só se reviram na própria
superficialidade e na incapacidade de julgar sobre algo, já que não
reuniram recursos para tal tarefa. Mas, os segundos são os piores :
são capazes e competentes, mas escorregadios o suficiente para
evadirem-se da responsabilidade de tomar posição.
Dizer
"sou eclético" é o novo jeito de soar evoluído mesmo
sendo uma porta de ignorância, e/ou de soar aberto e profundo mesmo
sendo um covarde em cima do muro.