Pular para o conteúdo principal

"Aiiin, sou um eclético" - Sobre como ser superficial e covarde.

Depois que as Artes descambaram totalmente para as esferas mais subjetivas possíveis, para os lugares em que toda forma de relativização é bem-vinda, se tornou proibida qualquer expressão de julgamento - mesmo que apropriado - e quem o faz se encarcera, automaticamente, na definição de "preconceituoso e reacionário".


Nestes tempos, ser "cool" é ser "eclético"; o que corresponde, mais ou menos, a dizer "tenho opinião sólida acerca desse assunto, mas não estou disposto a pagar o preço por ela".


Daí, decorrem as posturas afetadas, blasé, politicamente corretas, e que abrigam tudo isso debaixo da definição contemporânea de "ecletismo" (não a definição clássica). Retirou-se o juízo estético de "bom" e "mau" gosto, e lá se foram juntos os ideais que alavancaram nosso progresso até aqui.


Já esse "novo eclecticismo" será um dos maiores responsáveis pelo declínio desta e das gerações futuras, em marcha célere na direção do abismo de profunda inaptidão pra tudo.


Para mim existem somente dois tipos de ecléticos: os ignaros e superficiais; e os covardes. Os primeiros só se reviram na própria superficialidade e na incapacidade de julgar sobre algo, já que não reuniram recursos para tal tarefa. Mas, os segundos são os piores : são capazes e competentes, mas escorregadios o suficiente para evadirem-se da responsabilidade de tomar posição.



Dizer "sou eclético" é o novo jeito de soar evoluído mesmo sendo uma porta de ignorância, e/ou de soar aberto e profundo mesmo sendo um covarde em cima do muro.

Postagens mais visitadas deste blog

Sobre a criação do homem; ou não ! (O Gênesis, segundo eu mesmo)

No princípio, após ter criado as obras da Natureza, criou deus o homem. Dada a sua - suposta - origem, deu-lhe o nome de Adão, ou "gerado da argila, da terra vermelha". Ao se ver pela prima vez nos espelhos das águas, Adão externou por meio da fala a sua - também - primeira grande impressão em ser criado ; e exclamou : - Senhor, que argila bafônica é essa! Que lacração foi essa, a da senhora? Ao que o Senhor respondeu: - Adão, eu sou um deus, e não possuo gênero. Adão, fazendo a Kátia cega misturada com Glória Pires, disse: - Senhor, não sei a que se refere. E o deus, dotado daquela tão referida presciência e paciência (há controvérsias) , explicou : - É um termo que gerará muitas categorias inúteis, no futuro, e que será oportunizado por gente vil, autodenominados "militantes". De início, o que lhe aconselho a fazer é, pegar essa argila "maraaaaaaa" que criei, como também uns balangodangos que têm aqui no Éden, e vá bater sua sacolinh...

"Aiinnn, eu leio Nitie, e sou um jênio" - Alguns conselhos !

Ao contrário de um historiador da Filosofia, que categoriza de modo bem delimitado os períodos de produção e suas interações com suas culturas, Nietzsche se propõe a ser um Filósofo da História : alguém que oferece alguns filtros pelos quais todo o nosso processo civilizatório - pelo menos o Ocidente - possa ser compreendido e visto de modo panorâmico. Sim, é uma premissa ousada, desafiadora, e que pode ter custado seus miolos! Diante disto, costumo dizer que ler o bigodudo sem conhecer o chão ancestral de onde se origina seus principais conceitos, sem conhecer o "período ideal" para o qual ele aponta, é o que acaba sendo grande responsável pela confusão e falta de profundidade no entendimento. Seria semelhante a ler o Apocalipse sem ter lido e compreendido o Antigo Testamento, da bíblia cristã. Desde a produção de seu primeiro texto conhecido, "História e Fado" (o féla da puta só tinha 17 anos), até o seu derradeiro projeto, é evidente as referên...

Manifesto de Transgressão !!

Não existe felicidade ao meu lado... Não procure-a em minha companhia; há muito forjamos um pacto de não-convivência. Se estiveres em busca de singelas alegrias, aqueles pequenos milagres do cotidiano; certamente lhe serei útil. Os sorrisos enterrados pelas mágoas; ou a fonte de novas palavras e símbolos, ou até de desejos e intenções diferentes; sou a pessoa adequada . As chamas de prazeres infernais, aquele desejo insaciável - quase vampirístico - pelos corpos e almas alheias, e que se inicie em seu próprio ventre como num dragão inflamado: ponham o meu "Manifesto" em vossas cebeceiras ! Não vos ofereço nada, além do tudo o que já cobiçam em seus corações, mas que aprenderam a emular através da falsa piedade. Liberdade ! Liberdade ! Liberdade ! Liberdade para ser sem culpa, possuir sem temor, sacrificarem-se nos altares do prazer ,conscientes das consequências dos seus atos deliciosamente pecaminosos, e ainda assim, abraçarem com tesão erigido as c...