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Variantes na língua brasileira: legado histórico e produção do cotidiano. Ou: do “preconceito linguístico” e o “coitadismo linguístico”





É praticamente impossível não perceber as contínuas mudanças que uma língua de determinada localidade apresenta com o passar das décadas e gerações; como também o modo como o cotidiano, com todas as suas interferências e interações, constantemente incidem sobre a construção da mesma, muitas vezes transportando as discussões para além dos limites da gramática e/ou linguística, para aspectos políticos, antropológicos e sociológicos.

Atualmente, as maiores tensões surgidas em torno do debate sobre a construção da língua, suas variantes e sua transmissão, residem exatamente nos aspectos em que ela - a língua - demonstra ser também elemento de distinção de classes, legitimação de uma classe dominante, e marginalização de grande parte dos falantes da mesma língua nativa. São considerações interessantes, e até certo ponto pertinentes, pois revelam que a língua carrega, particularmente a nossa, traços enormes de herança histórica escravagista, imperialista, oligárquica, no velho molde conhecido por todos nós: o “Casa Grande x Senzala”.

O autor do texto indicado para esse estudo, “Língua e Sociedade”, Sírio Possenti é Graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1969) e, atualmente, é professor titular no Departamento de Lingüística da UNICAMP, onde fez mestrado (1977) e doutorado (1986), ambos em Lingüística. Não somente no texto em questão, mas também em considerável parte de sua obra, dedica-se a estudar essas relações políticas, sociológicas na língua; e seu domínio como elemento de manutenção de privilégios.


Quando me refiro à “domínio”, aponto para os que detêm o “monopólio da norma culta, da gramática normativa”. Em seu livro “Por que não ensinar gramática nas escolas”, ele afirma: “Quem as transgride (as normas da língua) é apontado como grosseiro, marginal ou caipira, [...] sua companhia pode não ser procurada, perderá oportunidades de jantar com as pessoas chiques etc” (Possenti, pág. 73). O autor empreende uma tentativa legítima, em propor uma discussão sobre como as variantes dentro da língua, acabam por definir “castas sociais”. Nisto, ele também é acompanhando por muitos outros autores, dentre eles – talvez o de maior relevância pelo estardalhaço que causou com um de seus livros – o Dr. Marcos Bagno, e seu “Preconceito Linguístico – O que é , e como se faz”.
Há uma relação circular, cíclica, entre língua e sociedade, como o Sirio Possenti aponta em seu texto base para esse estudo. A língua interfere na construção do cotidiano, do mesmo modo em que a cultura, a geografia e características peculiares de determinado povo (interferências externas) ,a alteram e transformam constantemente. Cito-o: “A questão começa na relação com a na¬tureza: até que ponto o ambiente interfere na língua? Certamente, climas frios ou quentes condicionam o léxico e estão na origem de algumas metáforas. O caso sempre mencionado é o do número de palavras para neve em línguas esquimós, ou para camelo entre os beduínos, ou para dinheiro e cachaça entre nós.

Mas quem não vê logo que se trata de relação língua-ambiente mediada pela cultura que avalia esses objetos?
Palavras novas, ou sentidos novos de palavras antigas, surgem para designar elementos novos que são relevantes (termos do futebol ou da informática, por exemplo), termos desaparecem porque se referiam a “objetos” que desapareceram ou perderam importância”. Fica evidente, portanto, o uso e desuso que certos termos ganham em determinados períodos, e isto pela legitimação do cotidiano: são as relações humanas de interação , que acabam selecionando a utilidade, ou não, e perenidade de certos termos em seu léxico nativo. Até aqui, tudo obviamente claro
!

O ponto nevrálgico do texto “Língua e Sociedade”, reside em um aspecto que o autor considera subliminar na língua, mas não irrelevante. Se referindo à informalidade aglutinada ao nosso vernáculo cotidiano, e através de alguns exemplos de como a informalidade de nossa geração se impôs em muitas dimensões da vida pública (como no vestuário, por exemplo), o Dr.Sírio Possenti indica na direção de que, nesse caso específico de variante na língua, não houve uma mudança na relação social dentre os falantes; há um ocultamento da divisão de classes por meio da suposta informalidade linguística, que maquia um cenário de equanimidade entre as partes. Parafraseando o Dr. Sírio Possenti: “mudaram os termos na comunicação, inseriram aspectos equalizadores (equânimes) na fala, mas ‘o modo e as representações’ atestam de que a mesma dinâmica (patrão x empregado; senhor x servo) continua sua atuação, porém ,com certa sofisticação”. Sintetizada, a sentença aparece em um dos subtítulos do ensaio: “Faz que não manda, mas manda”.


Neste caso, portanto, a suposta informalidade aparece como uma variante na língua, produzida à fim de amenizar o contraste (hoje, um tanto indesejado !) nas relações patronais, hierárquicas, serviçais. E este, é somente um exemplo – escolhido pelo sociólogo – tomado para ilustrar não somente as variantes da língua, as alterações que a mesma sofre constantemente, mas para levar a questão para foro político, antropo-social. Não há como fugir dessa percepção
!

O já mencionado Marcos Bagno, na introdução de seu livro “Preconceito Linguístico – O que é, como se faz” – assume com clareza sua inclinação para a leitura das variantes linguísticas por esse viés político-social; a mesma assumida pelo Dr. Sírio Possenti em vários de seus escritos, cujos títulos disponibilizarei nas referências bibliográficas. Vejamos o que diz o Dr. Bagno: “Existe uma regra de ouro da Lingüística que diz: “só existe língua se houver seres humanos que a falem”. E o velho e bom Aristóteles nos ensina que o ser humano “é um animal político”.
Usando essas duas afirmações como os termos de um silogismo (mais um presente que ganhamos de Aristóteles), chegamos à conclusão de que “tratar da lingua é tratar de um tema politico”, já que também é tratar de seres humanos.


Por isso, o leitor e a leitora não deverão se espantar com o tom marcadamente politizado de muitas de minhas afirmações. É proposital; aliás, é inevitável. Temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que a falam.” (Bagno; página 9). A assertiva é verdadeira em grande parte, mais graças à verificabilidade da mesma na práxis; do que pela destreza que o Dr. Marcos Bagno demonstra no uso dos silogismos.


Essas digressões, tanto do Bagno quanto do Possenti, são somente rumores, vislumbres, daquilo que é a preocupação de ambos, concernente às variantes linguísticas: * a legitimidade das mesmas, já que são oriundas da comunicação cotidiana, diária, informal, vivenciada pelos falantes; * a discussão em torno da manutenção, monopólio e transmissão da gramática normativa, sem que sejam levadas em consideração o distanciamento evidente desta em relação à constante atualização e recomposição da língua pela vivência e cotidiano; * a utilização dos que obtêm o domínio da norma culta como elemento de divisão, segregação, elitismos, desigualdade social.
Exatamente isso: para ambos, a língua, tem sido ao mesmo tempo, evidência e derivadora de mais desigualdades; ousaria dizer , uma nova desigualdade, a linguística.


Não há como negar que a nossa língua, como qualquer outra ao redor do mundo, é herdeira de vários elementos derivados dos processos de ocupação, colonização, exploração, senhorio, divisão social do trabalho, e outros inúmeros itens. É nosso legado, vergonhoso e injusto muitas vezes, mas nosso; e demonizar todas as estruturas de nossa língua que são herdeiras desse processo histórico, é amputarmo-nos de nosso reconhecimento e identidade. Sim, nossa identidade representada na língua e em suas variantes, são as marcas deixadas pela construção desse ente histórico que somos, enquanto comunidade falante da língua brasileira.


É necessário dispor atenção especial às variantes linguísticas que perpassam todo o nosso imenso território nativo, os coloquialismos e regionalismos característicos de nossos rincões, expressões carregadas de significados tão particulares que, às vezes, nos parecem apontar para a impressão de que não falamos a mesma língua. Urgente também, defender os falantes que dispõem de um repertório um tanto distante da “norma culta”, de sofrer qualquer forma de discriminação somente por , mesmo usando a mesma língua, preferir exprimí-la agregada à expressões adquiridas em sua própria vivência. O que não se deve, e essa é a crítica às propostas do senhores Possenti e Bagno, é que, na tentativa de “corrigir um erro histórico”, nesse caso a acepção linguística , se origine um outro tipo de preconceito: por aqueles que se dedicam na manutenção e transmissão da gramática normativa. Ambas as leituras são essenciais, e não devem excluírem-se .


As variantes linguísticas são imprescindíveis, verificáveis no cotidiano, atualizadas em uma velocidade enorme, incorporadas ao vocabulário imediatamente, mas nem por isso, devem ser excluídas de serem reguladas por uma norma, uma regra.


Há um velho ditado oriental que vaticina: “os erros habitam sempre nos extremos” ! Suponho que a contemporânea discussão das variantes da língua têm sucumbido no mesmo erro característicos de outras discussões próprias de nossa geração, como as questões religiosas, ambientais, direitos raciais, etc : o erro do fundamentalismo arrogante e excludente.


Supor o erro de comunicação em um falante da linguagem informal é tão grosseiro e ineficaz, quanto tentar “gramaticalizar” tudo o que se produz nessa forma de linguagem. Dessa forma, como seria possível que, décadas ou séculos depois, pudéssemos desfrutar de obras dos mestres Machado de Assis, Monteiro Lobato, Antônio Vieira, Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Castro Alves, Rui Barbosa, Anísio Teixeira, Nildo Viana, Jorge Amado, Eça de Queirós, Graciliano Ramos, Manuel Bandeira,etc.? Essa tarefa é possível somente, por ter a língua em seu aspecto normativo, a capacidade eficaz de manter um código que seja compreendido pelas inúmeras gerações posteriores. Afirmar que a gramática normativa é um constructo engendrado para privilegiar classes específicas (por mais que muitas vezes isto aconteça) é extremamente afetivo, ressentido, ideológico e , quem diria, preconceituoso.


As gerações anteriores à nossa construíram, aceitaram, excluíram, legitimaram as normas gramaticais que vigem até os nossos dias; eles viveram também a tarefa de ver eclodir em seus cotidianos expressões novas e informais, filtrá-las e agrega-las ao “canôn” de nosso vernáculo.
Sim, é necessário que hajam “universais” em uma língua ! Como diria os lógicos antigos: “são os universais que julgam os particulares, e não o inverso”. A comunicabilidade de uma língua está em sua capacidade de conservação, de tornar-se compreensível séculos depois. Aprender, e transmitir (ensinar,sim) a norma culta, é garantir , no meio de nossas inúmeras distinções idiomáticas, alguma homogeneidade e propriedade. Afinal de contas; como se julgará uma variante, senão por uma regra, norma? 
Ou , parafraseando os mestres Sérgio Nogueira e Evanildo Bechara: “A transmissão das normas não têm a intenção de anular as inúmeras construções particulares e coloquiais de uma língua, mas como já indica o termo, é normatizar, regular, manter a identidade; e isto jamais deveria ser visto como forma de castração do falar comum e cotidiano, ou de preconceito, mas como garantia de que todos estamos sujeitos às mesmas regras”. 


Aceitar as variantes linguísticas é de desnecessária defesa: todos falamos diferentes do modo como escrevemos, e mais ainda dependendo de qual região do país façamos residência. São legítimas, verificáveis, e auto-evidentes.
Sírio Possenti e Marcos Bagno são admiráveis nos esforços de garantirem compreensão, dignidade e respeito aos que não dominam as normas “canônicas” da gramática, no estudo de como as variantes linguísticas podem ser instrumentos de divisão e dominação; mas equivocam-se na discriminação por parte de quem preza por um aspecto da língua diferente de suas preocupações: a perenidade, conservação das regras língua.
Partir desse estudo tão frutífero quanto dificultoso, para a fundamentação de uma nova forma de segregação política e social é uma decisão temerária: pode-se, ou inverter a ordem do “preconceito linguístico” (como já disse acima); ou produzir um novo fenômeno social: o “coitadismo linguístico”.



Referências Bibliográficas




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Endereço: //files.comunidades.net/ramalde/marcosbagnopreconceitolinguistico-
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“Gramática e Preconceito”. Endereço:http://www.olavodecarvalho.org/textos/gramatica.htm
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Endereço: 
http://www.celsul.org.br/Encontros/06/Palestras/02.pdf

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“Preconceito lingüístico: miséria, terrorismo e falácias”.
Endereço: 
https://arthurlacerda.wordpress.com/2007/04/22/preconceito-linguistico-i/
MAGNANI, Gustavo.
“Por que (Não) Ensinar Gramática Na Escola?http://indiqueumlivro.literatortura.com/2013/05/21/por-que-nao-ensinar-gramatica-na-escola-sirio-possenti/

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“Preconceito Linguístico e Coitadismo Linguístico”.Endereço: http://www.implicante.org/artigos/preconceito-linguistico-e-coitadismo-linguistico/

NOGUEIRA, Sérgio; e, BECHARA, Evanildo.
“TV Brasil - A lingua falada e a lingua escrita (24/05/2011”).
Endereço: 
https://www.youtube.com/watch?v=g_YB5fr-RZg

PAOLA, Heitor de.
“A destruição do idioma e seus propósitos (não tão) ocultos”
Endereço: 
http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/12139-a-destruicao-do-idioma-e-seus-propositos-nao-tao-ocultos.html

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“Língua e Sociedade” http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed683_lingua_e_sociedade. Aces-so em 27/09/2013.




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Linguistas no paiol dos gramáticos. Língua Portuguesa, v. 7, p. 44-47, 2012.
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Defendendo o gerúndio. Discutindo Língua Portuguesa, v. 1, p. 8-11, 2005.
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