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"Aiinnn, eu leio Nitie, e sou um jênio" - Alguns conselhos !

Ao contrário de um historiador da Filosofia, que categoriza de modo bem delimitado os períodos de produção e suas interações com suas culturas, Nietzsche se propõe a ser um Filósofo da História : alguém que oferece alguns filtros pelos quais todo o nosso processo civilizatório - pelo menos o Ocidente - possa ser compreendido e visto de modo panorâmico. Sim, é uma premissa ousada, desafiadora, e que pode ter custado seus miolos! Diante disto, costumo dizer que ler o bigodudo sem conhecer o chão ancestral de onde se origina seus principais conceitos, sem conhecer o "período ideal" para o qual ele aponta, é o que acaba sendo grande responsável pela confusão e falta de profundidade no entendimento. Seria semelhante a ler o Apocalipse sem ter lido e compreendido o Antigo Testamento, da bíblia cristã. Desde a produção de seu primeiro texto conhecido, "História e Fado" (o féla da puta só tinha 17 anos), até o seu derradeiro projeto, é evidente as referên

Pré-requisitos para dez minutos de conversa

Após esse período conturbado e de grandes revelações, tomarei algumas medidas concernentes aos meus relacionamentos e conversas: - Se usar os termos "Comunista", "Socialista", "fulano é de esquerda 👈", terá que justificar o uso dos mesmos, principalmente com referências bibliográficas. Se não leu o básico das correntes socialistas da era pré-Marx, as pequeninas e necessárias produções de Engels e Marx, etc ; pego meu banquinho e vou embora; - Se disser a expressão "você tem que estudar História", mas acha que o Eric Hobsbawn é a grande referência, saio da roda e capo o gato ; - Se usar expressões como "marxismo cultural", "hegemonia cultural", "doutrinação ideológica de esquerda", e não ter jamais lido nada do tão mencionado Antonio Gramsci, e nem os trabalhos do pessoal da Escola de Frankfurt, termino o papo ; - Se utilizar termos como "bolivarianismo", e não ter lido algumas pouca

Dos ícones e meu Martelo !

Certa vez, um brother me chamou de iconoclasta, e me ofendeu por dois motivos: primeiro, por eu julgar não ser um ;e segundo, por ele acreditar que eu não sabia o que significava. Normal ; arrogância de advogados! Rs. Já se passaram uns três anos desse episódio, e hoje, ao me olhar no espelho, afirmo com certeza : "eu sou um motherfucker iconoclasta mesmo". Mas, como acontece com todo o meu modo de viver, me vejo coberto de razão em sê-lo. "Iconoclasta", por definição, é alguém que costuma quebrar objetos de culto, destruir imagens veneradas com devoção, e esse termo tem origem em um movimento do século VII, onde a galera estava picandoladisgraça mesmo. Obviamente, o movimento se foi mas o termo ficou, e o sentido trazido permanece vivo, e agora, na figura de um destruidor de ícones, um aviltador de cultos à personalidades, um ultraje a toda forma de sacralização e blindagem aos que foram elevados, mesmo sendo reles humanos, à condição de intocáveis.

Sobre a criação do homem; ou não ! (O Gênesis, segundo eu mesmo)

No princípio, após ter criado as obras da Natureza, criou deus o homem. Dada a sua - suposta - origem, deu-lhe o nome de Adão, ou "gerado da argila, da terra vermelha". Ao se ver pela prima vez nos espelhos das águas, Adão externou por meio da fala a sua - também - primeira grande impressão em ser criado ; e exclamou : - Senhor, que argila bafônica é essa! Que lacração foi essa, a da senhora? Ao que o Senhor respondeu: - Adão, eu sou um deus, e não possuo gênero. Adão, fazendo a Kátia cega misturada com Glória Pires, disse: - Senhor, não sei a que se refere. E o deus, dotado daquela tão referida presciência e paciência (há controvérsias) , explicou : - É um termo que gerará muitas categorias inúteis, no futuro, e que será oportunizado por gente vil, autodenominados "militantes". De início, o que lhe aconselho a fazer é, pegar essa argila "maraaaaaaa" que criei, como também uns balangodangos que têm aqui no Éden, e vá bater sua sacolinh

Um retorno à ancestralidade africana . Axé !!

Não, não estou falando da "Mãe África", mas da minha família mesmo, e uma das minhas matriarcas é do "povo de santo"; mãe deles lá. Ouvir histórias de sua árvore genealógica faz você entender grande parte do homem que você é, gostando ou não do resultado. Compartilhei também com minha avó a incompletude que sinto - e que pretendo manter - por não me identificar com sua vocação (é, a gente conversa assim, sem arrudeio). Gosto das melodias e ritmos de preto, da literatura de preto, da comida de preto, da comunidade de preto, mas as manifestações religiosas, para mim, não são sedutoras. Pelo contrário, me repelem, e eu as repilo. Lamentei com ela o fato d'eu jamais alcançar a plenitude da "pretitude", e ela só me respondeu - com a tranquilidade da sabedoria envelhecida - de modo claro : "não se preocupe com isso, Matheus, pois seus 'caminhos' são outros que não são os do Axé". Mal sabe ela que "caminhos" não são b

Sobre a decisão do STF acerca do sacrifício de animais em cultos !

Algumas pontuações despretensiosas: * Gostando eu ou não, desde o instante em que o Estado garante a liberdade de crença e culto , faz o mesmo com os instrumentos e ferramentas destes: desde que não sejam humanos os sacrificados - até agora. Se há de se aceitar os primitivismos PRÓPRIOS e peculiares das religiões, idem para os seus rituais. * Não se pode confundir a noção de "Estado laico" com a de "Estado a-religioso". Simpático ou não ao STF, ele somente garante aos devotos de cultos primitivistas a mesma liberdade que , em contrapartida, possuo para criticá-los, desprezá-los, e até mesmo denunciá-los caso necessário (os cultos e religiões). * É preciso cuidado, para não se trocar uma ditadura da fé por uma ditadura da descrença. Meu problema com ditaduras não é moral, antes, somente pragmático: toda ditadura é burra, caolhas que são ! * O custo da liberdade civil ampla , é ver os outros gozando de prerrogativas que

"Mundo melhor" de cú é rôla !

Enquanto estive na Universidade, em Curso que supunha-se de "livre-diálogo" (Filosofia), estranhei , logo de cara, uma nada amistosa receptividade à percepções alheias, alternativas, secundárias às vigentes por ali. Mas como podia ser assim; em um lugar cujo pressuposto era o da "liberdade"? Com o passar do tempo percebi que alguns assuntos e posturas pessoais não caberiam ali: Deus, Fé, Espiritualidade, Crítica ao ideal cientificista...! Enfim, haviam temas blindados. Foi a primeira grande decepção !! A segunda grande decepção foi quando percebi uma energia "teen" nos corredores, de modo que a maioria das mentes mais ávidas e "sofisticadas" ali eram uma espécie de "Confraternity of teenagers", o bom e velho lugar comum em que ressentimentos, revoltas, recalques, desinteresse, insensibilidade, são o "que há". Era "chique" não crer em nada, opor-se a qualquer forma de crença, ou então usá-la como justificati

Do Estado e suas inclinações...!

Os últimos decênios de preponderância das religiões cristãs no Brasil, têm gerado uma contrafação extrema : a de um Estado a-religioso. E, como quase sempre, os extremos são sempre estúpidos! A noção de Estado Laico se bem compreendida (principalmente por cristãos que querem impor uma teocracia moderna) é uma salvaguarda PARA TODOS os cidadãos, religiosos ou não. É a convivência de todos, em liberdade de crença ou não, com a prerrogativa de atuarem em seus espaços sem invadirem os alheios. Se cristãos radicais bem soubessem, acenderiam velas de gratidão pela existência desse modelo de Estado, que inclusive, os possibilita serem livres para serem o que são (e ainda encherem o saco dos outros). Como Política é, sobretudo, dominação e acordos de interesses, as coisas mudam de lugar com bastante frequência, e amanhã os detentores do poder poderiam serem os das religiões de matrizes africanas, ou até mesmo ateus, e quem sabe, suas liberdades de culto estariam ameaçadas. Ter um Esta

Alegoria do Síndico, ou; dos deuses e infernos !

    O síndico de um edifício aglomerou todas as pessoas do prédio numa sala escura e caótica, e lá dentro os trancou. Depois de algum tempo, sem que ninguém dentro da sala pudesse compreender como, uma enorme sensação de calor dá a impressão de que o prédio está em chamas. Alguns minutos depois, e a dúvida vira certeza, o desespero toma conta de todos, e no mais elementar dos instintos humanos, começam a se acusarem, proporem participação de alguns deles em uma conspiração macabra, e/ou qualquer outra coisa que passe bem longe da óbvia e simplória questão (mesmo sendo a que REALMENTE importa) : - Qual o motivo d'o síndico tê-los ajuntado naquela sala, e depois posto fogo em tudo? Porque construir toda uma elucubração em torno de PROVÁVEIS responsáveis, quando o ÚNICO que o é, é o Incendiário que está lá fora, distante das chamas?

Everybody lies !

Todo homem mente sobre si pra outros . O máximo que podemos alcançar, é um nível de honestidade em que tentamos nos esconder menos. Mentimos por não nos conhecermos, sim, mas mais ainda, por nos conhecermos. Nossos "stories" não guardam semelhança com a verdadeira história do que somos ;e as "timelines" são recortes, edições, a última tentativa de pôr uma ordem e sentido que, todos sabemos, jamais houve. Enquanto bailamos sobre esse abismo de incertezas, sentimos a necessidade de justificar a continuidade, e assim inauguramos a mais industriosa das invenções humanas : a Fábrica de Sentidos. "Sentido" em forma de família e posteridade; Sentido em forma de um "mundo melhor", Sentido em forma de militância e ativismo, Sentido em sua definição primeira e última, Deus. Que maravilhosa engenharia esta, a de retroalimentar com fenômenos - somente - verossímeis, a nossa fuga constante e desesperada: fuga da única verdade que