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A genialidade escondida sob a caricatura do ridículo.

O mais sofisticado quadro de humor formado nas últimas décadas: "Mamonas Assassinas" ! Se fosse um desses acadêmicos que inventam estudos somente para captarem recursos do governo, dedicaria uma séria análise dos meninos de Guarulhos. É desnecessário, a quem se interessa pela história da música ocidental nos últimos 50 anos, apontar a maravilhosa síntese que compõe o único álbum da banda. Um passeio pelo punk rock setentista, pela batida oitentista, pelo Thrash Metal; isso sem mencionar as inúmeras referências à gêneros tipicamente brasileiros: do brega de Falcão e Cauby Peixoto, ao pagodão carioca (especificamente, o Raça Negra e o Negritude Jr.); o "Forrock", etc...! As idiossincrasias da classe média brasileira da década de 90, o choque cultural de um nordestino em um Shopping Center, o "legado do chifre" no romantismo brasileiro; o estigma de gay dos gaúchos, ou até mesmo - em um aparente escárnio aos gays - o ataque aos estereótip

Variantes na língua brasileira: legado histórico e produção do cotidiano. Ou: do “preconceito linguístico” e o “coitadismo linguístico”

É praticamente impossível não perceber as contínuas mudanças que uma língua de determinada localidade apresenta com o passar das décadas e gerações; como também o modo como o cotidiano, com todas as suas interferências e interações, constantemente incidem sobre a construção da mesma, muitas vezes transportando as discussões para além dos limites da gramática e/ou linguística, para aspectos políticos, antropológicos e sociológicos. Atualmente, as maiores tensões surgidas em torno do debate sobre a construção da língua, suas variantes e sua transmissão, residem exatamente nos aspectos em que ela - a língua - demonstra ser também elemento de distinção de classes, legitimação de uma classe dominante, e marginalização de grande parte dos falantes da mesma língua nativa. São considerações interessantes, e até certo ponto pertinentes, pois revelam que a língua carrega, particularmente a nossa, traços enormes de herança histórica escravagista, imperialista, oligárquica, no velho mol

"Forever young" or "Who whants to live forever"

Nada, definitivamente nada, é mais deprimente do que as marcas deixadas no corpo pela passagem do tempo. Por mim, que se partissem todos os espelhos do mundo, e viveríamos com a ilusão de sermos eternamente jovens. Espelhos! Os problemas são os espelhos! Caso não existissem, quem nos contaria a verdade sobre o quanto morremos a cada dia? E quem precisa da verdade que vem dos espelhos? E quem precisa da verdade, essa dama infeliz? Oh, céus, dai-nos uma porção de mentira, daquelas que nos entusiasmam...!

Falando francamente *

Brincadeira !! Depois de tantas vezes feito, Se tornaste em um especialista nisto: - Partidas sem despedidas !!! Porque tinha que ser assim? Porque não se importa com minhas perguntas? Essa indiferença em relação às minhas dores ! Essa rejeição ao quanto me representa, me define... E agora, não saberei o que aconteceu, As "sem-razões" da distância, das idas sem vindas. Tanto sentir misturado em minha cabeça, E a cruel certeza de construir meu futuro com sua ausência. O choro entalado na garganta, As ofensas que precisava dizer-lhe, O amor que ainda sonhava em compartilhar; O orgulho que intencionava lhe proporcionar, E a sensação de que nada foi em vão !! As carícias em minha cabeça enquanto repouso em seu colo, O beijo na testa, e os ensinamentos que eram meus ,por direito. Ausência é o que me sobra, é o que me torna: - Mais uma vez...e para sempre. E, meu desabafo, é meu modo de dizer-lhe o quanto gostaria que fosse diferente: - Pois, d

Desmundo

Sorte, acaso, sucesso, embaraço, Uma corrente de fatos que não garantem sustento; Percebo que não encontrei das coisas o fundamento. Circunstâncias jamais explicarão o ser assim, Que mesmo desencontrado,não me encontro abandonado de mim. Os demônios ansiosos do dia-a-dia, E nem mesmo os fantasmas agourentos das noites Arrancam do tesouro secreto na alma, Essa estranha sensação de paz e calma Que da vida suporta os piores açoites. Vejo coisas inauditas Ouço sobre uma vida jamais vista, Todos os meus sentidos estão atolados no medo, Mas os olhos e ouvidos de que falo São de um coração que testemunham no “Desmundo” Seus mais preciosos segredos. Mensuro tudo com medidas incompreensíveis, Compreendo as coisas com amor imensurável, De sorte que não há perda que não me acrescente, E confrontos que não me encontrem valente, Ou,até mesmo impressões alheias que atentem contra o que me revela o “espelho de dentro”: - Que na vida nada há que não se red

Carpe Diem

Vem, amanhã pode ser tarde, Talvez não tenhas chance, E o tempo lhe alcance Sem que seja oportuno Olhar nos olhos de quem lhe arde o peito E enrubesce as maçãs de seu rosto, E que cala o discurso mais ensaiado. Vem, pois este “hoje” é o dia De que ainda tens a garantia de colher Os frutos do amor que alimenta seu ânimo; E que à noite vela teu sono Semenado nos teus sonhos O desejo secreto de muitos “amanhãs”. Vem, quando se ama o tempo pára, O instante é o “sempre agora” E o amanhã uma distante maldade.   Este é o convite que lhe faço: - Hoje, revele teu coração, Pois se amanhã já não formos Seremos na eternidade.

Se soubesse escrever...

Se soubesse escrever... Falaria da vida que passa sem ser notada, Do nascer e pôr do sol que já não encanta, Do respirar tão necessário quanto esquecido, E da estranha solidão em um mundo tão povoado. Se soubesse escrever... Exporia as dores engolidas e que engolem tanta gente, Comunicaria a esperança aos que jazem à “margem”, Provocaria o “vômito” das culpas entaladas na garganta de quem delas evade de modo tão leviano. Se soubesse escrever... Ah! Choraria em verso e reverso a dor da fome: - Fome de pão, fome de água, fome de justiça, fome de amor. Clamaria pela reconciliação das famílias, que tanto se perdem em “pazes forjadas”. Choraria pelo desencanto de tudo: se soubesse escrever ! Se soubesse escrever... Evocaria a atenção para o poder das coisas simples: - O poder da verdade, da tolerância, do perdão, do amor. E cantaria, sim, até mesmo enquanto durmo, a beleza esquecida na infância da vida: por mais cruel que esta tenha sido. Mas não sei e